Já ouviu falar na expressão “quem é rei nunca perde a majestade”?

Por mais que ela seja uma tradução de “quem é importante sempre vai estar no topo das paradas”, há também um quê de compreensão hierárquica nessa frase. Existem aqueles que são reis porque existem, também, aqueles que são súditos, que são príncipes e princesas, que são bobos da corte, que são cleros. Ok, não vivemos mais em monarquia, mas a herança organizacional que a sociedade criou para esse regime continua até hoje, em qualquer instância da vida.

Inclusive na cozinha.

Na hora de escolher queijos, é comum levar em conta algumas classificações. Nós, por exemplo, produzimos majoritariamente laticínios que são classificados como “queijos finos” – inclusive você já deve ter ouvido a gente usar essa expressão muitas vezes. Agora, com a vinda de linhas como Lanches e Frescos, também temos no nosso rol de produtos queijos do dia a dia classificados como “comuns” (embora sejam, na essência e na delícia, muitíssimo especiais!). E isso, amigos, é a hierarquia dos queijos, que levam em consideração diversos fatores técnicos de produção para serem classificados como são.

No Brasil, segundo Jair Jorge Leandro, Maître Fromager e autor de vários livros sobre queijos, essa classificação é dividida em uma pirâmide com três tipos de queijo: o comum, o processado e o especial.

Os queijos comuns, por exemplo, são aqueles que podem ser fabricados em qualquer região, sob qualquer clima. A produção é mais rápida e simples e são mais populares – no sentido de serem consumidos por uma infinidade de pessoas. Além disso, por serem produzidos em todo o território nacional, a única coisa que vai variar de um lugar para o outro é a qualidade do leite e, por consequência, o preço.

Aqui na São Vicente temos nessa modalidade hierárquica o queijo Prato, Minas Frescal e Muçarela.

Na hierarquia dos queijos, os comuns estão na parte de baixo da pirâmide. Acima deles vem os queijos processados – que também amamos. Para os processados, duas etapas de fabricação são necessárias, sendo elas a básica e a de fundição; essa última tira dele a condição de “queijo natural”, uma vez que ele foi fundido, e daí ele sobe da escala: não é apenas um queijo comum. É um queijo com algo a mais.

Você também encontra representantes dessa categoria nas prateleiras São Vicente: a linha Fondue Sabores, os queijos processados sabor Cheddar e Gorgonzola.

E quem vem acima dele? Quem são os reis dos queijos, que nunca perderão a majestade?

Os queijos especiais.

Nas categorias nacionais, os queijos especiais são a nobreza. Precisam ser bajulados para reinar, ou seja, carecem de cuidados especiais durante toda sua produção, incluindo o processo da cura e a distribuição. Eles não podem ser produzidos em qualquer lugar à revelia: é preciso levar em consideração as condições ambientais do local em que são fabricados. Ou seja: precisam ser cuidados em regiões amigáveis a seus processos, como Minas Gerais. Opa! É onde a gente está, produzindo a maior parte dos queijos especiais dessa monarquia à brasileira. 🙂

Para estar no topo da pirâmide temos como reis da nossa produção o Brie, o Camembert, o Gorgonzola, o Gruyère, o Emmental, o Gouda, o Prato Esférico… é queijo nobre que não acaba mais. E com o máximo de qualidade, pois estamos em uma região extremamente propícia à produção não só desses, mas da grande maioria dos queijos que existem no mundo!

Por Minas existe um caminho chamado “Estrada Real”, que é o trajeto por onde passaram, dentro do estado, as expedições de povoamento e exploração econômica do império português. Isso significa que, desde muito antes de nós estarmos por aqui, nossa região era considerada uma das favoritas da nobreza. E, agora, honramos esse título fazendo queijos de todas as categorias da hierarquia nacional.

Nas entrelinhas, pedimos licença ao poeta Manuel Bandeira para adaptar sua poesia à realidade dos nossos fatos: quando eu quiser comer queijos bons, “vou embora para a São Vicente, pois lá sou amigo do rei”. 😉