Por se parecer muito com seu primo Brie, o Camembert às vezes fica à sombra das boas histórias (mas jamais das boas receitas!). O que é um erro, porque a origem do Camembert poderia virar um filme com muita ação e reviravoltas, envolvendo política, religião, movimentos sociais… sejamos francos: nem todos os queijos podem dizer que nasceram de forma tão dantesca quanto o nosso amado queijo de mofo branco.

O lugar era a França, o momento na história era a revolução francesa. Registros afirmam que uma mulher chamada Marie Harel deu abrigo, na região da Normandia, a um padre perseguido que vinha daqueles lados de Brie. Para agradecer a hospitalidade, que poderia se tornar perigosa pelo contexto, o padre ensinou os anfitriões a produzir o queijo da sua região (e aqui dá pra notar porque Brie e Camembert se parecem tanto, não é?).

A técnica, contudo, foi adapta com as condições na Normandia – o que fez surgir um queijo de massa mole, mais macio, de aroma mais delicado que o Brie e sabor terroso, considerado agradável pelo pessoal da região. A exportação do novo queijo, batizado de Camembert, começou em 1855, quando foi inaugurada uma estrada de ferro ligando a região da Normandia a Paris. Logo ele ganhou status de queijo fino e começou a ser apreciado por nobres do mundo tudo.

Mas, calma, que como todo bom roteiro de filme, a nossa história tem um plot twist, uma surpresa: diz-se que o Camembert teve suma importância durante a Revolução Francesa, uma vez que os fabricantes eram considerados pessoas nobres da sociedade – e, consequentemente, perseguidos. Assim, o Camembert virou um produto clandestino, passando de mão em mão, e muito silêncio, no mercado negro que se estabeleceu à época. Muitas pessoas pararam de fabricar o queijo para não serem pegos em flagrante, mas isso só aumentou ainda mais a fama e o requinte de ter à mesa um legítimo Camembert. É aquela história: tudo que é proibido é mais gostoso, desde sempre…

Produzido com leite de vaca, o Camembert passa por um longo processo de fabricação na São Vicente. Primeiramente, o leite é pasteurizado e, em seguida, bombeado para tanques de fabricação onde serão adicionados os ingredientes da massa. Após coagulada, a coalha é separada da massa e agitada até ficar na consistência adequada; no ponto ideal, o soro da massa é retirado para que o queijo possa ser enformado. Encaminhadas para a sala de fermentação, as peças “descansam” por um dia e, em seguida, são levadas para a salmoura. É após essa etapa que é pulverizado no queijo o fungo Penicillium Candidum, responsável pela sua capa branca. Daí ele vai para a maturação, onde espera pela embalagem.

Combinações com Camembert

Agora que você conhece o Camembert na teoria, levar para a prática é fácil: é só combinar o queijo com frutas (pera e maçã são as mais apropriadas), amêndoas, nozes e geleia para um resultado perfeito. Vinhos do tipo tinto (Cabernet e Merlot) e cervejas Pilsen, Weizenbier e Kölsch são bebidas bem vindas em uma mesa de degustação dessa iguaria. Para aproveitar ainda mais seu Camembert, retire-o da geladeira uma hora antes de servir ou usar em receitas. Na temperatura ambiente, corte a peça ao meio e fatie sempre do centro para a extremidade, garantindo o equilíbrio perfeito entre crosta e massa.